quarta-feira, 27 de junho de 2012

Muito barulho por quase nada

E o Rio de Janeiro retorna ao seu ritmo habitual. Com o fim da Rio+20, o policiamento ostensivo regressa aos quartéis, o trânsito, à sua morosidade normal e o Aterro do Flamengo volta a ser apenas um parque, abdicando sua posição de principal palco dos movimentos paralelos que marcaram a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável.

A Cúpula dos Povos foi o ponto de encontro das mais diversas tribos, fossem elas indígenas de fato ou urbanas, e se propôs a dar voz aos anseios da sociedade civil. Quem conferiu o evento de perto, teve a oportunidade de travar contato com as mais diversas culturas e vertentes ideológicas.
Em meio a tantos projetos que buscavam seu lugar ao sol, era possível ao visitante atento ter gratas surpresas. Alguns expositores transformaram o evento em uma oportunidade para divulgar ações de empreendedorismo verde. ONGs e Projetos colheram assinaturas e mostravam como ações realizadas pela população, e não só pelo poder público, têm o poder de fazer a diferença.

As artes também estiveram presentes nos gramados do Aterro, com diversas manifestações espontâneas e outras com o devido apoio de empresas privadas. Índios pintados expuseram obras próprias e artistas consagrados como Vik Muniz, assessorado pelo público visitante, reproduziu um novo contorno para a Baía de Guanabara.

Contudo, em meio à tamanha efervescência ideológica, as propostas socioambientais ficaram em segundo plano e os movimentos populares perderam seu foco. É certo que ao falarmos de ambiente, estamos na verdade abordando um grande tema que engloba aspectos políticos, econômicos e sociais. A prática ambientalista não é uma ação relacionada somente a florestas e a outros locais selvagens, mas também ao nosso habitat urbano, com todas as suas implicações. Tratando-se de uma questão tão ampla, fica fácil perdermos de vista as metas concretas às quais os participantes da Rio+20 almejavam.

A principal evidência da falta de objetivos claros e definidos da Cúpula dos Povos foi a imensa quantidade de stands comerciais em relação aos stands institucionais e a escassez de participantes nas atividades autogestadas e outros pólos de discussão. No fim das contas, o Aterro do Flamengo parecia o irmão mais velho da feira hippie de Ipanema.


Com a colaboração de Marina Brandão

Um comentário:

  1. oi aline como vcs estam, entrtei no seu blog, muito bom, sou eu evelyne td bem, me add

    ResponderExcluir